Hoje saí, sim já não aguentava mais esta vontade de gritar que sentia dentro de mim, esta angústia que me sufocava.

Peguei na minha guitarra e fui para a praia, num local onde ninguém me visse, num local onde ninguém me ouvisse, um local onde estivesse só eu a minha guitarra e o meu mar.

Comecei a tocar e fui cantando suavemente algo que me ia saindo naturalmente, o barulho das ondas conjugado com o som da guitarra criava em mim uma tranquilidade indescritível, sem dúvida. Resolvi parar de tocar, um bocado, deitei-me na areia já fria, fechei os olhos e respirei fundo, gritei soltando aquela angústia que me fez sair por um momento de casa. Depois de o ter feito senti-me mais leve.

Permanecia com os olhos fechados e deitada na areia, a apreciar o barulho do mar, até que ouvi e senti a respiração de mais alguém, uma respiração que estava a aproximar-se e no momento em que eu abri os olhos, deparei me com aquele olhar verde e penetrante ao qual eu não resistia, aqueles olhos que me deixavam sem fôlego, não conseguia parar de os admirar, até que se começaram a aproximar-se, desviei o meu olhar um pouco mais abaixo daqueles olhos penetrantes, e foi naquele momento que a minha respiração fiou descontrolada e o meu coração ficou sem o ritmo natural que possuía, observava aquela boca que desejava, aqueles lábios macios que chamavam por mim. Ao passo que os observava a minha respiração ia ficando cada vez mais descontrolada. Até que o meu desejo foi saciado, ele beijou-me e eu apenas deixei-me ir, uma das suas mãos estava na minha cintura enquanto a outra acariciava o meu rosto, as minhas mãos estavam no seu pescoço e às vezes brincavam com os seus cabelos castanhos. Naqueles beijo havia mistura de sentimentos desta ternura, amor, ansiedade, saudade…Parámos para recuperar o fôlego, senti que a sua respiração também estava um pouco descontrolada tal como a minha. Ele levantou-me e ficamos sentados, um dos seus braços estava em meu redor, aquele gesto fazia me sentir mesmo bem, sentia-me protegida, sentia que ninguém mais me podia tocar. Olhei para o seu rosto e vi que sorria, isso fez-me sorrir também. Como ele me conhecia tão bem, para saber onde eu estava, sabia que aquele era o sítio para onde ia quando procurava pensar.

Olhei outra vez para ele e desta vez observava-me; gostava de conseguir desvendar os seus pensamentos, mas pela expressão que tinha estampada na cara não deviam ser maus. Ele abraçou-me e correspondi-lhe, não dizemos uma única palavra desde que ele tinha chegado, mas os nossos olhares e sorrisos demonstravam tudo.

Soltou-me, levantou-se e foi buscar a minha guitarra, voltou-se a sentar a minha beira e começou a tocar, por fim proferiu a letra da melodia que tocava, aí como eu amava aquela voz, aquela voz doce e meiga, aquela voz que eu conheceria em qualquer lugar que estivesse.

Ele parou um pouco olhou-me nos olhos, o que me deixou absolutamente derretida, tocou me na face e disse me:

"Darling, You are the only exception..."

Por Mira