Sinto-me cansada, sinto-me estranha, sinto uma vontade de me deitar, fechar os olhos e apenas sentir o som da mãe natureza; quero desprezar a realidade transpondo-me assim para o meu pensamento.

Quero esquecer a rotina do dia-a-dia, quero esquecer as palavras ditas e entranhadas no meu coração, quero entrar em mim e saber quem sou! Mas algo me preocupa, algo agonia a minha mente, tento saber o que é mas simplesmente não descubro repostas, apenas algo sombrio e desconhecido. O incógnito não me deixa, persegue-me e não se revela, tento fugir mas ele sempre me alcança, não existe nenhum local seguro, começo sem ficar sem fôlego por causa desta fuga e desisto . . . e eu apenas queria esquecer tudo e todos , será isso possível?

Fartei-me de opiniões, fartei-me de todos os dias terem 24 horas, fartei-me das nuvens cinzentas que cobrem o sol, sim, estou farta de tudo! Será que posso viver como quero? Parece que não.

Continuo a sentir-me cansada, continuo a sentir estranha e nada mudou. . .

Mira

Entediada... do que está à minha volta.  Mas eu não estou cansada daquela música que ouvi durante toda a semana... ou daquele livro aborrecido, ou daquela aula chata a que sou "obrigada" a assistir... eu estou cansada de outra coisa... algo muito mais sério, mais preocupante, estou a ficar estarrecida com a minha própria vida. Farta de ter sempre a mesma rotina, de fazer, ver e ouvir sempre o mesmo. Farta "dos sorrisos falsos e estúpidas mentiras, enquanto estou a sangrar por dentro". Farta de ser deixada na escuridão e sentir-me perdida, de ser magoada quando já estou em baixo.  É triste quando pensamos que estamos no meio de amigos, mas que ao abrir, por uma mínima fracção de segundo, os meus olhos, deparo-me com algo que eu não imaginava e, finalmente, vejo por quem eu estava rodeada. Depois eles culpam-me... por ter "aberto os olhos"... (era suposto eu continuar a ser levada). E hoje estou aqui, assim como estive naquela aula entediante que não me diz nada, a desejar poder levantar-me daquela cadeira e correr... correr para um sítio... o lugar que está mais próximo de se parecer com a minha utopia, porém ainda está muito longe de o ser. Lá sim, eu iria encontrar paz, nem que fosse por um mínimo fechar de olhos... mas iria conseguir uma milésima do momento que queria. Eu ouço o mar... não propriamente o mar, mas o som das ondas a quebrarem-se quando atingem o areal. É aí, quando me perco em pensamentos sobre as gotas do mar, que alguém do meu lado, vem com aquela coisa irritante de: "Maria, ainda estás connosco? Uhhuu! Terra chama Maria!"... e lá volto eu... para um mundo tão superficial quanto poderia ser o seu limite... desejando ser outra pessoa. Mas, talvez felizmente, não sou.

Mary