don’t know who I am without you…

Muitas vezes, ouvimos relatos de pessoas que se perderam por não terem aqueles que amam. Muitas vezes, vimos como isso pode acabar mal. Muitas vezes, vemos como isso pode ser o fim para uma vida. Apesar de parecer demasiado dramático, é uma dura realidade que precisamos de enfrentar. O facto é que nós vemos estas coisas acontecerem à nossa volta, com desconhecidos, conhecidos e amigos. Quando são amigos, nós tentamos dar a maior força e sempre ajudar, mas nós nunca sabemos o quão realmente doloroso pode ser, aliás, a nossa tendência é pensar que tudo isto acontece a todos, menos a nós. Tudo desmorona, mas nunca afecta de uma maneira arriscada a nossa vida. Foi então que eu percebi que todos esses conceitos estavam completamente, irrevogavelmente, plenamente errados. Não, não foi ninguém que me abriu os olhos, nem algo que me fez ver as coisas como elas são. Longe disso e antes fosse. Tive que caminhar por um caminho muito mais longo e doloroso.

Como costumam dizer: “Aprendendo com os próprios erros!”

Não é que… apaixonar-se… fosse um erro. Não de todo. Quando pela pessoa errada é um grande equívoco. Mas, desde quando é que nos foi dada a opção de escolher ou controlar alguma das nossas emoções? Exacto… Nunca. E então, como se eu já soubesse que me ia afogar nesta história… eu errei, apaixonei-me por aquele que não devia.

Ver o cabelo escuro, que eu sabia identificar tão bem… um cabelo liso… que podia-se confundir com algumas e pequenas ondulações, quase impossíveis de se notar, se não fosse toda a minha centralização focada nele… Olhar nos olhos dele, todos os dias, mergulhar naquele azul tão penetrante… como se nos perdêssemos no horizonte infinito das águas profundas de um belo oceano. Uma ilusão feita com base numa realidade. Cada gesto dele, cada movimento… era diferente do normal… por mais banais e insignificantes que fossem… eram diferentes…

E como tudo estava bem no meu mundo… tudo mudou radicalmente. Ele predominava em pensamentos, emoções e sonhos. E eu estava a ser levada, como o mais pequeno grão de areia por um mar muito mais forte do que eu…

Quando um dia, eu acordei. Acordei como se fosse arrastada, atordoada, arrasada, mas sobretudo… devastada. Forçada a ver a alucinação que eu começava a criar… quer dizer, não de todo. Eu não estava a colocar os valores errados… Mas, eles pareciam contrariar-me. Uma fantasia de que tudo estava no seu devido lugar… que tudo ganhou mais cores e mais intensidade, que tudo tinha uma razão para existir.

Eu estava a entender quem eu era, já que isso era uma questão que colocava, até porque numa hora eu estava bem, noutra já não. Uma hora esboçava o maior dos sorrisos e noutra, o maior rio de lágrimas. Então, quem era eu sem ele? Alguém apenas normal, sem qualquer forma de se destacar, com uma vida simples e monótona. Sem risos e sorrisos. Eu estava totalmente dependente e presa a ele.

E como tudo teria que ser, senão da pior forma possível… ele não estava nem importado com o que eu via ou deixava de ver. Ele, simplesmente, não queria saber e prova disso, eram os cabelos castanho-claros, longos e lisos que o seguiam para todo o lado.

Então tudo se foi, como se me tivessem atirado água… uma água gelada que me acordou e obscureceu todas as cores do meu lindo cenário. Então, as coisas voltaram a não ter tanto sentido assim… e eu voltei com a incógnita do meu eu, porque eu já não sabia quem era… sem ele. E tudo voltou a ser aborrecido, eu ainda ria… mas não achava graça, eu ainda sorria, mas não tão verdadeiramente quanto um dia foi.

Este foi o meu erro. Apaixonar-me pela pessoa errada. E agora perguntam-me porque eu tanto penso nesse erro tão mal cometido. Porque quem comete um erro uma vez, aprende e tem todo o apoio do mundo, agora se cairmos no mesmo erro, de novo, já é estupidez.

Mas, infelizmente, eu fui estúpida o suficiente para o voltar a fazer.

Por Mary